Computação Quântica e Bitcoin: Estamos Diante da Próxima Ameaça Existencial?
O poder computacional de um computador quântico é medido em qubits, unidades que, ao contrário dos bits clássicos (0 ou 1), podem existir em múltiplos estados simultaneamente — fenômeno conhecido como superposição. Além disso, os qubits podem se entrelaçar com outros (emaranhamento quântico), multiplicando exponencialmente a capacidade de processamento.
Essa arquitetura abre caminho para uma verdadeira revolução tecnológica — mas também acende alertas, especialmente no universo das criptomoedas. A segurança do Bitcoin, por exemplo, depende de algoritmos de criptografia que, em teoria, poderiam ser quebrados por um computador quântico suficientemente poderoso.
No entanto, o desafio não está apenas no poder bruto de processamento, mas na qualidade dos qubits. Hoje, mesmo os sistemas mais avançados sofrem com altas taxas de erro e instabilidade quântica, o que inviabiliza a execução de algoritmos complexos, como o de Shor — capaz de comprometer a segurança de blockchains. Até recentemente, imaginar uma máquina quântica tolerante a falhas era um sonho distante.
Mas esse cenário pode estar mudando.
A IBM anunciou planos ambiciosos: lançar até 2029 o Starling, um computador quântico projetado para ser 20.000 vezes mais poderoso que os atuais. A proposta é inaugurar a era dos chips tolerantes a falhas, tornando a ameaça quântica ao Bitcoin e outras criptomoedas algo concreto e palpável.
O otimismo da empresa se baseia em dois avanços cruciais:
• A implementação dos chamados códigos quânticos de verificação de paridade de baixa densidade (qLDPC), que protegem a informação sem corrompê-la.
• E o desenvolvimento de técnicas de correção de erros em tempo real, capazes de manter o sistema estável mesmo em tarefas altamente complexas.
Se o Starling cumprir o que promete, poderá representar a primeira geração de máquinas capazes de romper a criptografia clássica usada por carteiras de Bitcoin — especialmente aquelas que já expuseram suas chaves públicas em transações passadas.
Por outro lado, a comunidade cripto não está parada. Diversas iniciativas já trabalham no desenvolvimento de criptografia pós-quântica, com o objetivo de atualizar padrões de assinatura e hash antes que os riscos se tornem realidade. O NIST (Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia dos EUA), por exemplo, lidera um processo global para selecionar novos algoritmos resistentes a ataques quânticos.
O tempo, porém, é fator decisivo. A “bomba-relógio” quântica já está em contagem regressiva, e o Bitcoin terá que se mostrar adaptável para sobreviver à próxima década. Tecnologia, pesquisa e regulação precisarão caminhar juntas para garantir a resiliência da criptoeconomia.
E você? Já pensou em quantas carteiras hoje estariam vulneráveis em 2030?